Carta ao Leitor

Olhar para as coisas como elas são é simples: basta ativar seu sentido da visão, distinguir cores, formatos, funções, etc. e pronto! Você viu... olhou... mas enxergou?

Olhar para as coisas como elas realmente são não é simples: é preciso sensibilidade, sabedoria, aprofundamento nas coisas e em tudo o que envolve as coisas. O mundo, como matéria, aquilo que vemos mas raramente enxergamos, é totalmente interligado. Uma flor se liga a uma abelha, que se liga aos meus olhos, meu sentido, meu medo deste inseto... e eu me ligo ao MZ, como forma também de esquecer tal medo, tal flor e tal abelha.

Olhar para o MZ como ele é muitas vezes não tem graça. Nem é preciso sensibilidade ou sabedoria. Mas esse olhar que vai além, que usa os olhos do coração, mesmo para as coisas mais "não-belas" do mundo, torna tudo o que vemos (e isso inclui o MZ) algo simplesmente poético. Algo que vai além... esta é a palavra!

Tempos atrás, quando ainda nos apegávamos aos jogadores como se fossem nossos filhos, sentíamos uma lágrima escorrer quando eles pediam para se aposentar, pois iriam se dedicar ao golfe ou cuidar das ovelhas dos avós. Era praticamente impossível não imaginar a cena do craque escolhendo o melhor taco ou aquele goleiro lendário tosando felpudas lãs. A sensação de dever cumprido amenizava o choque do pedido de aposentadoria.

Mesmo hoje com alguns ainda é assim. O contraste entre os que abandonam o time, lá pelos 35 anos, e os que acabam de chegar, com 15, dá a sensação de que o time é eterno; o ciclo não se fecha, pelo contrário: se renova a cada temporada...

Olhar para as coisas como elas realmente são não é simples, sabemos. Mas apenas o esforço de compreender a palavra "enxergar" empregada ali em cima, de ler e compartilhar esta carta, faz de você, leitor, um dirigente de sentidos, não apenas visão. Não é mais "belo" olhar para o MZ desta maneira?

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